castro alves
27/08/2013 15:12
Que veux-tu, fleur, beau fruit, ou l'oiseau merveilleux?
Ami, dit l'enfant grec, dit l'enfant aux yeux bleus,
Je veux de Ia poudre et des balles.
VICTOR HUGO (Les Orientales)
Que tens criança? O areal da estrada
Luzente a cintilar
Parece a folha ardente de uma espada.
Tine o sol nas savanas. Morno é o vento.
í€ sombra do palmar
O lavrador se inclina sonolento.
í‰ triste ver uma alvorada em sombras,
Uma ave sem cantar,
O veado estendido nas alfombras.
Mocidade, és a aurora da existência,
Quero ver-te brilhar.
Canta, criança, és a ave da inocência.
Tu choras porque um ramo de baunilha
Não pudeste colher,
Ou pela flor gentil da granadilha?
Dou-te, um ninho, uma flor, dou-te uma palma,
Para em teus lábios ver
O riso — a estrela no horizonte da alma.
Não. Perdeste tua mãe ao fero açoite
Dos seus algozes vis.
E vagas tonto a tatear í noite.
Choras antes de rir... pobre criança!...
Que queres, infeliz?...
— Amigo, eu quero o ferro da vingança.
(No dia do seu aniversário)
SENHORA, eu vos dou versos, porque apanho
Das flores d'ahna um ramalhete agreste
E são versos a flora perfumada,
Que de meu seio a solidão reveste.
E vós que amais a parasita ardente,
Que abre como um suspiro em pleno maio,
E o aroma que anima o cálix rubro
— Talvez de uma alma perfumoso ensaio,
E esse vago tremer de níveas pétalas,
Que faz das flores meias borboletas,
O escarlate das malvas presumidas,
A modéstia infantil das violetas,
E essa linguagem transparente e meiga
Que a natureza fala nas campinas
Pelas vozes das brisas suspirosas,
Pela boca rosada das boninas ...
Hoje, na vossa festa, em vosso dia,
Em meio aos vossas íntimos amores...
Juntai aos ramalhetes estes versas,
Pois versas de afeição... também são flores!
A bainha do punhal
Fragmento
Salve, noites do Oriente,
Noites de beijos e amor!
Onde os astros são abelhas
Do éter na larga flor...
Onde pende a meiga lua,
Como cimitarra nua
Por sobre um dólmã azul!
E a vaga dos Dardanelos
Beija, em lascivos anelos
As saudades de 'Stambul.
Salve, serralhos severos
Como a barba dum Paxá!
Zimbórios, que fingem crí¢nios
Dos crentes fiéis de Alá! ...
Ciprestes que o vento agita,
Como flechas de Mesquita
Esguios, longos também;
Minaretes, entre bosques!
Palmeiras, entre os quiosques!
Mulheres nuas do Harém!.
Mas embalde a lua inclina
As loiras tranças pra o chão
Desprezada concubina,
Já não te adora o sultão!
Debalde, aos vidros pintados,
Aos balcíµes arabescados,
Vais bater em doudo afã...
Soam tímbalos na sala...
E a dança ardente resvala
Sobre os tapetes do Irã!...
Salve, noites do Oriente,
Noites de beijos e amor!
Onde os astros são abelhas
Do éter na larga flor...
Onde pende a meiga lua,
Como cimitarra nua
Por sobre um dólmã azul!
E a vaga dos Dardanelos
Beija, em lascivos anelos
As saudades de 'Stambul.
Salve, serralhos severos
Como a barba dum Paxá!
Zimbórios, que fingem crí¢nios
Dos crentes fiéis de Alá! ...
Ciprestes que o vento agita,
Como flechas de Mesquita
Esguios, longos também;
Minaretes, entre bosques!
Palmeiras, entre os quiosques!
Mulheres nuas do Harém!.
Mas embalde a lua inclina
As loiras tranças pra o chão
Desprezada concubina,
Já não te adora o sultão!
Debalde, aos vidros pintados,
Aos balcíµes arabescados,
Vais bater em doudo afã...
Soam tímbalos na sala...
E a dança ardente resvala
Sobre os tapetes do Irã!...
A criança
Que veux-tu, fleur, beau fruit, ou l'oiseau merveilleux?
Ami, dit l'enfant grec, dit l'enfant aux yeux bleus,
Je veux de Ia poudre et des balles.
VICTOR HUGO (Les Orientales)
Que tens criança? O areal da estrada
Luzente a cintilar
Parece a folha ardente de uma espada.
Tine o sol nas savanas. Morno é o vento.
í€ sombra do palmar
O lavrador se inclina sonolento.
í‰ triste ver uma alvorada em sombras,
Uma ave sem cantar,
O veado estendido nas alfombras.
Mocidade, és a aurora da existência,
Quero ver-te brilhar.
Canta, criança, és a ave da inocência.
Tu choras porque um ramo de baunilha
Não pudeste colher,
Ou pela flor gentil da granadilha?
Dou-te, um ninho, uma flor, dou-te uma palma,
Para em teus lábios ver
O riso — a estrela no horizonte da alma.
Não. Perdeste tua mãe ao fero açoite
Dos seus algozes vis.
E vagas tonto a tatear í noite.
Choras antes de rir... pobre criança!...
Que queres, infeliz?...
— Amigo, eu quero o ferro da vingança.
A D. Joana
(No dia do seu aniversário)
SENHORA, eu vos dou versos, porque apanho
Das flores d'ahna um ramalhete agreste
E são versos a flora perfumada,
Que de meu seio a solidão reveste.
E vós que amais a parasita ardente,
Que abre como um suspiro em pleno maio,
E o aroma que anima o cálix rubro
— Talvez de uma alma perfumoso ensaio,
E esse vago tremer de níveas pétalas,
Que faz das flores meias borboletas,
O escarlate das malvas presumidas,
A modéstia infantil das violetas,
E essa linguagem transparente e meiga
Que a natureza fala nas campinas
Pelas vozes das brisas suspirosas,
Pela boca rosada das boninas ...
Hoje, na vossa festa, em vosso dia,
Em meio aos vossas íntimos amores...
Juntai aos ramalhetes estes versas,
Pois versas de afeição... também são flores!